quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tetrapak transfere tecnologia para a reciclagem total de embalagens longa vida

A Tetrapak, fabricande das caixas longa vida, criou um programa para transferir a tecnologia de Reciclagem das embalagens descartadas para o setor de papel, visando aumentar o índice de reaproveitamento de matéria-prima e valorizar a cadeia de processamento pós-Consumo .

A expectativa do criador da tecnologia e diretor de Meio Ambiente da Tetrapak Brasil, Fernando von Zuben, é que a tecnologia do plasma influencie toda a cadeia de Reciclagem . Segundo Zuben, isso já está acontecendo no Brasil, refletindo no aumento do valor do produto, agregando valor para a Reciclagem e valorizando a atuação das cooperativas.

"Aqui nós usamos o plástico e o alumínio, que são produtos que ganharam valor nos últimos anos e que são uma coisa nova no mercado se comparados ao papel e ao papelão, que são fibras, commodites", disse o inventor da tecnologia que permite que os materiais que compõem a caixa longa vida – o plástico e o alumínio - sejam totalmente separados e reciclados.

O maior gargalo para a implantação da tecnologia em um número maior de empresas, segundo o diretor, ainda é a coleta seletiva das embalagens descartadas que não levanta um volume suficiente do material descartado.

"Estamos trabalhando em termos de educação ambiental, com propaganda na TV para que as pessoas participem da coleta seletiva de todos os tipos de material, não somente das nossas embalagens", explicou.

Em apoio aos programas de coleta seletiva, a empresa presta assistência ao trabalho de cooperativas ajudando-as a buscar recicladoras que comprem o material. Ao mesmo tempo, a Tetrapak transfere para essas recicladoras a tecnologia do plasma, para a recuperação total do plástico e do alumínio das embalagens.

"Fazemos uma auditoria nessas empresas e passamos gratuitamente o processo", disse. "O equipamento necessário é o mesmo usado para a fabricação de papel, ele só tem que ser adaptado, de forma que algumas empresas já o possuem".

O mesmo método é utilizado para as fábricas de telhas que usam como base as embalagens da Tetrapak. "A gente passa a tecnologia e o modelo de negócios, mostra onde eles podem comprar a matéria-prima e não recebemos nada por isso", afirma Zuben.

A possibilidade de Reciclagem de 100% do material é um privilégio brasileiro, graças à tecnologia peculiar que é usada nas caixas longa vida no Brasil. Em outros países onde a empresa atua, como nos Estados Unidos e na Espanha, a embalagem usa papelão ondulado no qual resíduos de PVC e cola podem acumular contaminando o plastico e o alumínio e reduzindo as vantagens da aplicação da tecnologia do plasma. A vantagem das embalagens brasileiras é que são feitas com material liso, livres desses contaminantes.

As empresas brasileiras que usam a tecnologia do plasma para separar os componentes da caixa agregam valor a cadeia de Reciclagem da embalagem longa vida ao vender o plástico e o alumínio.

Zuben acredita que a tecnologia seria uma solução para a Reciclagem das embalagens na Europa.

"O material da Bélgica vai para Alemanha ou para a França para ser reciclado, os resíduos alemães vão para a Finlândia, onde o material é usado para produzir energia elétrica, já que esses países utilizam muita energia para aquecer as edificações", explica Zuben. Segundo o executivo, essa opção energética é supérflua no Brasil, cuja matriz é 85% proveniente da hidroeletricidade.

Outra peculiaridade da filial brasileira é o fato de o papel usado nas embalagens ser certificado pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, uma organização não-governamental independente e sem fins lucrativos que representa no Brasil seu equivalente internacional, o FSC (Forest Stewardship Council). O processo é realizado em conjunto com a produtora e recicladora de papel Klabin.

"Nós começamos o trabalho com a Klabin em 1996 e, em 1998, ela certificou a floresta em Telêmaco Borba", disse Zuben. "Em 2005, a fabrica de Telêmaco Borba foi certificada e, em 2008, as nossas duas fábricas brasileiras", conta Zuben.

Para o diretor, essa certificação influenciará as outras fabricantes de papel. "Num futuro muito próximo a certificação será uma decisão mandatória, não só para o papel, mas também para gado, carne, frango, soja, milho, etanol, madeira e assim por diante".

INOVAÇÃO

"A Tetrapak foi criada em cima de uma inovação: a embalagem cartonada lançada em 1952", conta Zuben. "Se uma empresa não inova ela morre, é como tentar andar de bicicleta sem pedalar", diz o diretor.

Para Zuben, o desenvolvimento da tecnologia do plasma somente foi possível porque a empresa manteve a inovação no seu cerne, o que permitiu que pesquisadores realizassem testes e cometessem erros.

"Toda inovação é feita em cima de muitos erros e alguns acertos", disse o executivo.

Apesar dessa abertura, a inovação demorou quatro anos para ser aprimorada e chegar à matriz e custou R$ 7 milhões para a empresa. Mundialmente, a empresa investe entre US$ 500 milhões e US$ 700 milhões por ano em pesquisas de desenvolvimento de novas soluções em embalagens e para o aprimoramento de seu parque industrial.

A Tetrapak desenvolve novas máquinas para serem usadas na sua linha de produção, considerando o conceito de ecodesign ou design for environment, que busca sempre comprovar os benefícios comparados - como a redução na geração de resíduos e no Consumo de energia e água - entre um novo equipamento em desenvolvimento e o antigo, em uso, que será substituído. Segundo o diretor, se esses benefícios não forem comprovados, o equipamento não passa para a próxima etapa de desenvolvimento.

Para garantir esse desenvolvimento tecnológico, muitos funcionários da Tetrapak fazem mestrado e doutorado em grandes universidades e centros de pesquisa, como a Unicamp, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Parte das pesquisas acontece nas universidades e parte, no parque industrial da empresa.

"Não faz sentido fazermos todas essas análises específicas e caras dentro da empresa", disse Zuben. "Somente assim conseguimos fazer a ponte entre a indústria e a universidade de uma forma muito mais suave".

Fonte: Revista Sustentabilidade