As empresas britânicas de consultoria para construção civil estão aproveitando a Copa, as Olimpíadas e a falta de planejamento urbano das cidades brasileiras para oferecer soluções à crescente demanda por edificações de menor impacto ambiental.
Um evento promovido pelo Consulado Britânico em São Paulo no final de outubro mostrou o tom deste interesse, que tem a Copa de 2014 e as Olímpidas de 2016 como locomotivas para o setor.
Representantes de 10 empresas do Reino Unido estavam presentes e expressaram a vontade de fazer negócios com parceiros locais.
A Breeam (BRE Environmental Assessment Method) é uma consultoria de certificação de projetos de menor impacto socioambiental. A empresa quer trazer sua metologia para o mercado brasileiro, que já conta com as certificações americana LEED, do Conselho de Prédios Verdes (GBC) e a Européia Acqua, promovida pela Fundação Vanzolini no Brasi.
De acordo com Nick Hayes, diretor internacional da empresa, o mercado de construção no Reino Unido olha para o além-mar por que está quase no seu limite, restando 3% de potencial de crescimento em terras britânicas.
"A Copa e as Olimpíadas de 2016 são eventos que proporcionarão grandes investimentos em infraestrutura", disse.
Para Craig Anders, executivo da empresa de arquitetura Cole Thompson Anders, a motivação vem da implementação de políticas públicas voltadas para um setor de construção civil menos impactante ao meio Ambiente , abrindo espaço difundir técnicas e tecnologias já testadas no Reino Unido.
Anders acredita que esta transferência de conhecimento pode baratear os projetos mais vançados e estimular a demanda.
A consultoria Halcrow tem ambições maiores, propõe uma abordagem que considera a cidade como um todo para a cidade como um todo e quer ocupar espaço em projetos urbanísticos relativos a transportes e áreas de lazer.
"As cidades se espalham nas periferias, diminuindo a densidade populacional, aumentando as distâncias de deslocamentos, o que aumenta o trânsito e a poluição", disse Guilherme Costa, arquiteto e planejador urbanístico da matriz em em Londres.
Costa citou como exemplo o centro da cidade de São Paulo, que tem um grande fluxo de pessoas durante o dia, porém com poucas residências, gerando abandono durante o período noturno e finais de semana.
Segundo o arquiteto, uma cidade sustentável deve ter programas de manejo de resíduos e bairros com residências, oportunidades de trabalhos, serviços para a população e lazer.
Para Cristiano Michelena, diretor da Battle McCarthy, as ações para a Sustentabilidade deixarão de ser globais para tornarem-se locais, possibilitando o desenvolvimento regional das cidades, o que deve evitar grandes deslocamentos, diminuindo a poluição.
Michelena diz acreditar na valorização da vegetação nos edifícios e bairros como forma de melhorar a qualidade de vida e bem estar da população.
"A movimentação das pessoas é a alma da cidade", disse Beatriz Campos diretora da Space Syntax, consultoria em planejamento urbano, no início de sua palestra no evento.
Para Campos, uma cidade sustentável deve priorizar o trafego de pedestres em vez dos automóveis, além de proporcionar nos bairros opções de lazer, trabalho e moradia.
"O desenho da cidade é o maior objeto da criação humana", explicou.
O sócio da Foster and Partners, Brandon Haw, acredita que o design pode mudar o hábito das pessoas. Ele citou uma estação de metrô na Ásia, planejada pela empresa, onde as pessoas se sentem atraídas pelo design da estação, fazendo com que troquem o transporte particular pelo transporte público.
Fonte: Revista Sustentabilidade